segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Fiat 500 x Mini Cooper x Smart ForTwo

Fiat 500 x Mini Cooper x Smart ForTwo

A missão dos três é uma só: cativar olhos e coração dos motoristas

Diante dos carros que aparecem na foto destas páginas, qual a primeira coisa que lhe vem à cabeça?

A ECONOMIA DE COMBUSTÍVEL
B FACILIDADE DE ESTACIONAR
C AGILIDADE NO TRÂNSITO
D EMISSÕES MAIS BAIXAS
E NENHUMA DAS ANTERIORES

Falando francamente, a última alternativa pode não ser a mais correta, mas é a mais verdadeira. Pelo menos por enquanto. A emoção continua a ser um fator decisivo na hora de escolher um carro. Não é à toa que o design aparece nas primeiras posições das pesquisas de motivação de compra. E, ainda que Fiat 500, Mini Cooper e Smart ForTwo satisfaçam as aspirações ao lado de “a” a “d”, eles seduzem mesmo é pelo estilo particular de cada um. Fizemos uma experiência: durante o horário de almoço, colocamos os compactos no pátio interno do edifício da Editora Abril e observamos a reação do público. Apresentados nas versões básicas, eles chamaram tanta atenção quanto uma Ferrari F430 vermelha, que por coincidência estava exposta em um salão envidraçado ao lado do pátio, para promover os produtos de uma empresa. Os compactos foram examinados, tocados e fotografados pelo público. Ao fim da “exposição”, ficamos com a sensação de que o Mini – que nos foi cedido pela concessionária Caltabiano, de São Paulo – foi o alvo da maior curiosidade, mas sem chegar a ofuscar os rivais.

O Mini foi o carro que inaugurou esse segmento, que bem poderia ser chamado de compactos de imagem. Antes dele, houve lançamentos com propostas semelhantes, como releituras de modelos do passado, entre os quais o mais notório foi o VW New Beetle. Mas nenhum fez tanto sucesso como o Mini, lançado na Europa em 2001. Deu tão certo que todas as marcas passaram a querer ter seu míni. O 500 é um exemplo desse desejo. E o Citroën DS3 é outro (veja na pág. 72). A Audi também terá o seu, o A1, com estreia prevista para março, no Salão de Genebra.

O segredo da Mini foi reeditar o espírito do Mini Cooper original em uma vestimenta moderna. Foi essa combinação de passado e presente descolado que chamou a atenção do administrador de empresas Mário Mendes, dono de um exemplar da apimentada versão S. “Gosto do Mini porque ele é avançado tecnologicamente, mas não perdeu a relação com o passado”, diz. Para contentar o lado saudosista do consumidor, o novo Mini reproduz as formas da carroceria, os faróis e o desenho da grade dianteira do modelo lançado em 1959. E, para agradar o lado high tech, ele apresenta um painel deslocado, por exemplo, com o velocímetro no centro da cabine e o contagiros ancorado na coluna da direção.

O 500 reza pela mesma cartilha. A Fiat parece que foi ainda mais fiel ao estilo do 500 original, de 1957. E foi isso que chamou a atenção do comerciante Diego Comolatti, que é italiano e gostou de ver o velho 500 reeditado. “É forte a semelhança entre os dois”, diz. Mas, como não poderia deixar de ser, por dentro o 500 também traz novidades como mostradores digitais e a inclusão de recursos como o sistema Blue&Me, com conexão para celular e tocador de MP3.

O Smart é um caso diferente. Ele pegou carona nessa onda dos compactos porque é bonitinho como os outros, mas não tem nada de retrô. Pelo contrário. Na verdade, o Smart quase fracassa por ter se antecipado à tendência minimalista. Fruto da parceria entre a Mercedes e a fabricante de relógios Swatch, ele estreou em 1997 e teve um começo difícil, numa época em que ser racional e ambientalmente amigável, suas bandeiras sustentáveis, não era tão valorizado como é hoje. Como detalhes de estilo típicos, o Smart apresenta a estrutura da cabine exposta (na cor cinza) e os mostradores satélites no alto do painel, que acompanham o carro desde a primeira edição.

Ser o primeiro do mercado não é o único trunfo do Mini, no entanto. Ele foi lançado rodeado de cuidados por parte da BMW, que é dona da marca Mini. Mais que vender um carro, a BMW passou a oferecer um estilo de vida ao comprador. As concessionárias Mini, por exemplo, podem facilmente ser confundidas com casas noturnas ou butiques da moda. A iluminação e a música dos show rooms são iguais às que se encontram nesses ambientes. Aliás, as revendas não têm apenas carros. Elas oferecem também roupas, sapatos, bolsas e acessórios da grife Mini.

No caso do Smart, as lojas também são próprias da marca, com layout e comunicação visual diferenciados, mas são mais parecidas com concessionárias tradicionais. E o 500, por seu lado, compartilha o espaço nos show rooms da Fiat com outros modelos da marca. Nem todas as revendas Fiat oferecem o 500, apenas 150, parte da rede classificada como Premium. Mas mesmo assim sem qualquer glamour.

Como imagem é um bem intangível, vamos confrontar os três compactos naquilo que se pode aferir. Acabamento de qualidade superior e a boa oferta de equipamento de série, isso é comum aos três. Todos têm freios ABS, airbags, ar-condicionado, rodas de liga leve e sistema de som. O Smart e o 500 contam com controle de estabilidade. O Mini e o 500 vêm com computador de bordo. E o 500 é o único com sete airbags. Além dos frontais e dos laterais, ele tem ainda um airbag de proteção para os joelhos do motorista. E o Smart vem com câmbio automatizado de série, enquanto os outros possuem câmbios manuais. No 500 existe a opção do sistema automatizado e no Mini, a do câmbio automático.

Nenhum deles pode bater no peito e dizer que é espaçoso. O espaço interno do Mini é maior que o dos rivais. Mas quem viaja no banco de trás vai se sentir mais confortável a bordo do 500, que distribui melhor a pouca área de que dispõe. No Smart não há bancos traseiros, mas na dianteira o passageiro tem espaço suficiente para cruzar a perna e abrir o jornal, enquanto o motorista dirige. Entretanto, ler a bordo de um Smart não é recomendável: a suspensão tem tolerância zero, ou seja, não negocia com nenhuma irregularidade do piso. Basta uma tampa de esgoto desnivelada para que o motorista receba o impacto seco da batida da roda. Já o Mini, com uma calibragem que privilegia a esportividade, oferece um pouco mais de conforto a bordo. Em uma viagem de longa distância, o motorista chega cansado. O 500 é o mais amigável. Ele tem comportamento comparável ao de alguns de seus parentes, como o Punto.

Normalmente, os compactos são o segundo ou terceiro carro das famílias que os compram. Mas há quem os use no dia a dia. Esse é o caso da vendedora de veículos Regina Gutierrez, dona de um Smart. Ela diz que gosta de rodar com o carro de casa até o trabalho porque ele é ágil e divertido no trânsito. Profunda conhecedora do assunto, ela é apaixonada por carros – e tem o privilégio de trabalhar com o objeto de sua paixão. Ela afirma que este já é seu segundo Smart.

Neste comparativo, como já era esperado, não houve um padrão rígido entre a configuração dos carros. Cada modelo entrou na pista com as armas que tinha. Assim, alinhamos o 500 Sport, equipado com motor 1.4 16V de 100 cv e câmbio manual de cinco marchas, com o Mini Cooper Chili 1.6 16V de 120 cv e câmbio manual de seis marchas, e o Smart 1.0 Turbo de 84 cv e câmbio automatizado de cinco marchas. O Mini se destacou nas provas de desempenho e nas frenagens. Nas simulações de consumo, o Smart nadou de braçada com as médias de 13,3 km/l na cidade e 16,6 km/l na estrada, enquanto o Mini conseguiu respectivamente 11,2 e 15 km/l e o 500, 10,6 e 13 km/l.

Em relação aos preços, também há grandes diferenças entre eles. O Mini Cooper Chili é o mais caro, custa 86900 reais. O 500 Sport vem em segundo, vendido a 63860 reais. E o Smart ForTwo Coupe sai por 57900 reais. No mercado, contudo, os três modelos vivem alternando posições no ranking de vendas. No fim de 2009, o 500 foi o mais vendido em outubro. O Mini tomou a ponta em novembro. E o Smart estava com a liderança, no volume acumulado do ano, até o fechamento desta edição, com 834 carros vendidos. Como era de imaginar, nesse segmento de imagem, ainda que de pequeno formato, o fator preço perde em relevância para a emoção, na hora da compra.

Se você está interessado em algum dos três, provavelmente já tem a opinião formada. Mas, se está apenas procurando um compacto e ainda não se decidiu, é importante fazer algumas considerações. O Mini é o precursor do estilo e, em função do preço mais alto, detém o título de o mais exclusivo. O Smart custa menos e é o mais ecologicamente correto. Mas é quase um meio de transporte individual, porque não leva nem uma mala a mais, quando está com duas pessoas. E o 500 é o mais equilibrado por ter preço próximo ao do Smart e espaço parecido com o do Mini.

Como afirmamos, escolher um deles é mais uma questão de sintonia que um exercício de racionalidade. Encantos, os três têm de sobra, mas é bom saber o que vai por dentro de cada um antes de pensar numa relação a longo prazo.



500

DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO
A direção elétrica tem dois modos de uso: Normal e Sport. O freio é eficiente e a suspensão garante bom nível de conforto.
★★★★

MOTOR E CÂMBIO
O desempenho é modesto, mas o câmbio cumpre bem sua função.
★★★

CARROCERIA
O acabamento é superior ao padrão Fiat nacional. E o design é o ponto forte do projeto.
★★★★

VIDA A BORDO
Ele é bem equipado, não faz feio na ergonomia e no uso urbano oferece bom nível de conforto.
★★★★

SEGURANÇA
Vem com 7 airbags, ABS, EBD, ASR e ESP.
★★★★★

SEU BOLSO
Tem preço intermediário entre os rivais. A garantia é de dois anos e a assistência é dada por toda a rede Fiat.
★★★★

MINI

DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO
Ele se saiu bem nos testes de frenagem. Sua direção é direta e a suspensão privilegia um modo de condução esportivo.
★★★★

MOTOR E CÂMBIO
Ele foi o mais rápido nas provas de desempenho, mas não espere fortes emoções a bordo deste compacto de imagem.
★★★★

CARROCERIA
Seu design é charmoso, mas por fora a carroceria promete um espaço que não entrega, por dentro.
★★★

VIDA A BORDO
A posição de dirigir é correta, mas o motorista precisa de um tempo para se acostumar aos comandos, pouco intuitivos.
★★★

SEGURANÇA
O Mini tem 6 airbags, ABS, EBD e CBC (freio auxiliar em curvas) como itens de série.
★★★★

SEU BOLSO
Ele é o mais caro do segmento. E o custo de sua manutenção segue o padrão BMW.
★★★

SMART

DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO
A suspensão é dura, para garantir a estabilidade. A direção é lenta, mas os freios estão bem dimensionados.
★★★★

MOTOR E CÂMBIO
Apesar de pequeno, o motor dá conta do recado. O câmbio privilegia a economia, mas, se as trocas forem feitas no modo manual, suas respostas se tornam mais rápidas.
★★★★★

CARROCERIA
Ele é pequeno por fora, mas espaçoso por dentro (para duas pessoas).
★★★★

VIDA A BORDO
O acabamento é de bom gosto e usa materiais de qualidade. Tem computador de bordo, Bluetooth e conexão para iPod.
★★★★

SEGURANÇA
Tem 4 airbags, ABS, BAS, EBD e ESP.
★★★★

SEU BOLSO
Diante do Mini, seu preço fica interessante. Mas seu custo de manutenção acompanha o padrão da rede Mercedes-Benz.
★★★

VEREDICTO

Direto ao ponto: nenhum dos três cobra barato pelo fator imagem. O Mini, o mais caro de todos, é também mais carro. E é o mais carismático entre eles. O Smart, por sua vez, é divertido para quem está ao volante e econômico na hora de abastecer. De tão exótico e minimalista, tem um charme alternativo. Já o 500 reúne a praticidade dos quatro lugares com estilo e preço mais acessível que o do Mini. É a ousadia mais sensata entre os três.

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